sexta-feira, 25 de setembro de 2020

Aposentadoria Brasil + EUA

 O post de hoje é bem específico, mas não tenho dúvidas que muitas pessoas estão nessa situação: segundo o Itamaraty, há mais de 3 milhões de brasileiros vivendo no exterior, sendo quase metade nos Estados Unidos.

Resumo da minha situação: cerca de 20 anos de contribuição: metade para o INSS no Brasil, metade para o sistêma de previdência pública dos EUA, o Social Security. 

Recentemente os dois países assinaram um acordo permitindo a soma do período de contribuição nos dois países para fins de cálculo de benefícios de aposentadoria.

Do lado do Brasil, pelo que entendi, a regra seria:

1) mínimo período de contribuição (carência) são 15 anos. Usando meu exemplo, assumindo 10 anos Brasil e 10 anos EUA, eu poderia considerar 20 anos de contribuição.

2) como usei o periodo nos EUA para completar a carência mínima, o benefício pago pelo Brasil seria proporcional aos anos trabalhados no Brasil comparado com o total Brasil + EUA. Sendo assim, conceitualmente eu teria direito a receber 50% (10 anos de 20) do valor que uma pessoa que tivesse contribuído 20 anos no Brasil receberia ao se aposentar por idade (o que seria outro cálculo que não vou focar aqui agora). O que não entendi é se a propoção é tempo Brasil comparado ao tempo total, ou tempo Brasil comparado ao total para chegar nos 15 anos (não dá pra saber no exemplo de cálculo que encontrei - https://sistemas.mre.gov.br/kitweb/datafiles/SaoFrancisco/pt-br/file/Calculo-beneficio-acordo-bilateral-previdencia-BR-EUA.pdf )

Nos EUA, pelo que li as regras de aposentadoria exigem tempo de contribuição e idade mínima para que o trabalhador possa receber benefícios. A idade mínima é de 67 anos para homens e mulheres e o tempo mínimo de contribuição são 10 anos. O trabalhador pode optar por aposentar mais cedo (62 anos) ou mais tarde (70 anos), e receber um benefício menor ou maior. Exemplo: o benefício máximo para quem se aposenta mais cedo (62 anos) é de US$2.265. Para quem se aposenta com 67, o valor máximo do benefício sobe para US$3.011. E quem espera até os 70 anos para requerer a aposentadoria, tem o valor máximo aumentado para $3.250.

Isso é o básico. Preciso entender melhor as regras de ambos e simular os cálculos usando meus números para projetar futuros cenários e estratégias para maximizar os benefícios. Irei completar/corrigir este post à medida que eu for descobrindo. 

* * *

Eu nunca considerei benefícios de previdência social no meu plano de independência financeira, mas isso seria deixar dinheiro na mesa considerando que já contribuí (pelo valor máximo) por mais de 20 anos. Se há algo que eu possa fazer pra manter mesmo que um benefício mínimo a partir de uma certa idade, a hora de entender, e ajustar, é agora. Ainda que seja um valor pequeno, seria um adicional muito bem-vindo (ainda mais recebendo uma parte no Brasil, onde hoje pretendo morar quando alcançar a "melhor idade", e outra parte em dólares).

quinta-feira, 24 de setembro de 2020

Apresentação

 Nasci, estudei e iniciei minha carreira profissional no Brasil. Moro nos Estados Unidos há cerca de dez anos. Sempre trabalhei em multinacionais e, como dizem por aqui, subi progressivamente a escada corporativa até chegar a uma posição de nível exeutivo. com boa remuneração e benefícios, mas também com todas as agruras do mundo corporativo - as famosas "algemas de ouro".

Estou há mais de 20 anos nesse mundo corporativo, e olhando em retrospecto, cheguei até além do que imaginava. Sempre gostei muito do meu trabalho e estilo de vida, tinha orgulho de fazer parte daquela engrenagem e realmente curtia o mundo que meu trabalho me proporcionava. Muitas viagens, conhecendo pessoas interessantes, lugares (e hoteis/restaurantes) bacanas. E aprendendo muito. Dinheiro não foi o objetivo durante muito tempo da minha carreira, o que foi possível por ter a oportunidade de morar com meus pais até quase 30 anos sem precisar contribuir com as despesas da casa.

Cheguei a um primeiro cargo de gerência com 25 anos, e nesse ponto passei a ganhar razoavelmente (antes eu praticamente  apenas cobria os custos de trabalhar). Saí da casa dos pais, de forma que o aumento na receita foi praticamente eliminado pelo aumento dos gastos. Mas ainda assim sobrava, e por alguns anos realizei muitos sonhos de consumo. Em outras palavras, gastava tudo que sobrava. 

Comecei a poupar tarde, por volta dos trinta e poucos. A regra era: gasta o salário mensal, mas o que vier de bônus é religiosamente guardado. Aplicava em fundos, juros no Brasil uma beleza, zero esforço, zero risco e muito retorno. Talvez até pela facilidade, não me esforçava em aprender nada diferente. O dinheiro ficava lá, mas eu não acompanhava. Não me interessava se estava rendendo bem, já era um grande feito eu conseguir não gasta-lo.

Em algum momento nessa época, não me lembro o por quê, li "Pai Rico, Pai Pobre". Foi uma revolução. Por isso até hoje o recomendo para quem vem de um ambiente familiar com zero foco em educação financeira (como eu - assunto para outro post) e quer começar do zero. Comecei a ler fóruns de investimentos (acho que era o forum do "Blog do Pai Rico", nem sei se ainda existe), e daí passei a ler mais e mais, e a me arriscar comprando ações. Pouca coisa, mas aprender fazendo é a melhor coisa. 

Esse foi o período de aprendizado e consolidação do hábito de poupar e investir.

Nos anos seguintes veio o real período de acumulação: salário aumentando sem aumento do padrão de vida permitiu aportes altos e constantes nos últimos anos. Boa parte do salário + 100% de quaisquer bônus. O objetivo era poupar E viver bem, então passei a priorizar o que realmente importava pra mim. A partir daí, simplifiquei o budget para facilitar esses dois objetivos: despesas fixas, savings e o resto é gasto livre. 

Mudei para os EUA. O desafio seria aprender tudo novamente aqui. Dinâmicas completamente diferentes. Mais por inércia do que por planejamento, optei por primeiro focar na poupança e aprendizado, para só depois entrar no mercado de ações. Resultado: sucesso na poupança, fracasso no rendimento: perdi o "boom" da bolsa americana nos últimos anos e agora vivo com o fantasma do (bad) market timing (de novo, assunto para outro post).

Mas junto com os aumentos de salário vieram desgastes no trabalho; as coisas que me atraíam deixaram de ter graça (p.ex., antes eu gostava genuinamente de jantares de trabalho, hoje fujo a qualquer custo, detesto networking) e um stress acumulado. A verdade resumida é que meus interesses e objetivos mudaram, e agora a dança delicada do mundo corporativo realmente não me diverte mais. Já foi muito bom, não me arrependo dos anos investidos ali, mas sinto que a única coisa que me mantém é o medo de sair e me arrepender. De onde surgiu esse medo?

No caminho bem sucedido da independência financeira (o tal do FIRE), cheguei na estação do burnout. Este blog retratará as próximas paradas dessa jornada. Qual o próximo destino?

"Burnout going on FIRE"

Este é meu primeiro post. Quinta-feira, 24 de setembro de 2020. Há algum tempo comecei a acompanhar alguns blogs sobre finanças pessoais, mais precisamente blogs que relatam jornadas individuais em busca da independência financeira. 

Gosto de escrever e venho há algum tempo pensando em criar um blog com a mesma proposta de acompanhar minha evolução. O objetivo é compartilhar pensamentos, experiências e documentar a evolução não só da minha jornada patrimonial, mas da forma que penso e vejo as coisas em geral. 

O primeiro passo foi definir o nome do blog. No mundo ideal seria alguma coisa bem criativa, fácil de lembrar e de escrever. E que fosse novo. Não consegui nenhum que enquadrasse em todos os quesitos, então parti para o primeiro que me veio à cabeça.  

"Burnout going on FIRE". Achei um trocadilho bom e muito relacionado com minha situação atual: tentando sair do burnout e chegar no FIRE. Mas é em inglês, e embora eu more nos EUA já há alguns anos, quero fazer o blog em português e trocar ideia com leitores tambem brasileiros. Tudo isso porque pretendo voltar ao Brasil algum dia. Ainda não sei quando, mas parto do princípio que não quero me aposentar nos Estados Unidos.

Pensei em outros nomes, mas na minha cabeça era sempre burnout going on fire. Então vai ser em inglês mesmo. Pela alegria de seguir a intuição. 

Para facilitar, o url do blogger sera "bogofire". Ficou até bonitinho.

Falarei muito de FIRE. E de burnout. E da minha jornada de sair do segundo e chegar ao primeiro. 

Seja bem-vindo.