quinta-feira, 8 de outubro de 2020

Morando no exterior: o que fazer com os investimentos no Brasil?

Essa é a pergunta que me faço diariamente. A resposta pode parecer óbvia inicialmente, mas não é. E se trago tudo pra cá agora e o dólar volta aos níveis do início do ano? E se ocorrer o contrário, e o real seguir desvalorizando frente ao dólar?

Outro fator importante é a tributação universal: morando nos EUA, juros e dividendos recebidos no Brasil são tributados nos EUA. Na prática, eu pago a diferença entre a alíquota Brasileira e a americana. Considerando que nos EUA minha alíquota de imposto de renda (federal, estadual, etc) chega a quase 45% (: shock: ), e que no Brasil essa tributação seria de no máximo 15% (podendo ser zero no caso de dividendos e alguns ganhos de capital na venda de ações), o custo fiscal pesa bastante.

O outro fator seria qual mercado é mais estável no longo prazo - apesar de tudo, ainda acredito que os EUA, e por isso os novos aportes ficam todos por aqui. Porém há que se lembrar que a bolsa daqui está na alta histórica já há algum tempo, então uma forte correção não seria uma surpresa (ainda mais em ano de eleição e COVID).

Considerados esses fatores que não tenho como prever, acredito que a resposta passe por uma questão fundamental: em qual moeda serão as despesas, no curto e no longo prazo?

Planejo viver nos EUA por mais alguns (poucos) anos, talvez um período na Europa depois, mas voltar a fixar residência no Brasil. Ou seja, no curto prazo salário, despesas e aportes em dólares. Quando sair do meu emprego e largar as algemas de ouro (leia-se capacidade de aporte), eu ainda teria alguns anos gastando em dólares (ou Euros), e posteriormente gastando em Reais (no Brasil).

Desde que me mudei para os EUA (há cerca de 10 anos, ver post Apresentação), mantive no Brasil o que tinha investido por lá (alterando apenas o balanceamento entre o tipo de investimento) e os novos aportes foram todos em dólares no mercado americano. De lá pra cá aumentei apenas minha posição absoluta em dólares, e por conta da movimentação do câmbio, meu total em Reais subiu consideravelmente (e meus aportes em USD "compensaram" a perda do valor em dólar dos investimentos em Reais). O efeito teria sido o inverso (e será) se o real tivesse se valorizado frente ao dólar. 

No passado, o Real tinha tendência de desvalorizar, mas os juros de RF eram altos e de alguma forma compensavam o risco cambial. Mas agora sem a farra da RF no Brasil, a variação cambial ganha muito mais peso. 

Na prática, minha pergunta diária se desdobra em duas:

- investimentos já existentes: manter no Brasil ou migrar para o exterior? 

- aportes mensais: manter em USD ou enviar para o Brasil?

O que você faria? 

Faz sentido definir uma estratégia de balanceamento ligado ao câmbio, assim como fazemos para a alocação de ativos em geral? 


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